Dia da Mulher - Beatriz Mendes

Beatriz Mendes, treinadora de Patinagem Artística, de 24 anos e natural de São Félix da Marinha, Vila Nova de Gaia. Licenciada em Ciências Biomédicas Laboratoriais pela Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto, é técnica de Anatomia Patológica no IMP Diagnostics.

Quanto à Patinagem Artística, surgiu na sua vida há cerca de 20 anos quando, num Natal, a irmã pediu uns patins da Barbie. A partir daí, começaram as duas na escolinha da patinagem da Académica de Espinho. Pouco tempo depois, como a Académica estava mais direcionada para o hóquei em patins, em outubro de 2001 descobriu o Rolar Hóquei Clube de Lourosa. No RHC Lourosa fez toda a sua carreira de atleta, onde teve a oportunidade de participar em campeonatos distritais, nacionais, europeus e num mundial.

Ao longo dos anos foi crescendo a vontade de ficar, de alguma maneira, ligada à modalidade, e de poder transmitir os valores que lhe passaram e que a fizeram crescer enquanto atleta e pessoa. Assim, em 2015 decidiu investir num curso de juiz de Patinagem Artística, que lhe deu as ferramentas para ter a visão de quem está do lado de lá a avaliar. Três anos depois inscreve-se no curso de Treinadores de Patinagem Artística de Grau I, e por essa altura tem a oportunidade de começar a ajudar nos treinos da formação no clube onde era atleta. No verão de 2019, surge o convite para se juntar à família do Clube de Albergaria, que decidiu aceitar e agarrar com todo o entusiasmo.

 

CA – O Dia Internacional da Mulher foi instituído em 1975 pelas Nações Unidas e é celebrado há mais de 100 anos um pouco por todo o mundo. Que importância atribuis a esta data? 

Beatriz Mendes – Desde que me consigo lembrar, o Dia da Mulher é assinalado e celebrado cá em casa. Acho que é um dia que relembra as mulheres de toda a força e poder que têm e que estão lá umas para as outras. É essencial continuar a celebrá-lo, porque às vezes com a correria do dia-a-dia esquecemo-nos de que devemos sempre querer lutar por tudo o que a vida nos pode dar.

 

CA – O desporto é um instrumento de integração e inclusão social. Que papel pode o desporto desempenhar na promoção da igualdade de género? 

BM – O desporto é das melhores ferramentas que temos para transmitir valores e princípios. A igualdade deve assentar no respeito pelo outro, quer seja homem ou mulher, e nós enquanto treinadores e enquanto sociedade, devemos ensinar os nossos atletas a respeitar e ajudar o próximo. Para além disso, mostrar-lhes que podem conquistar tudo o que as suas capacidades e empenho permitirem, independentemente do seu género.

 

CA – A proporção de mulheres no total de praticantes é bastante alta na Patinagem Artística. Será isto também uma forma de discriminação? Sentes que ainda existe alguma forma de preconceito em relação aos homens que praticam esta modalidade?

BM – Infelizmente ainda vivemos numa sociedade com ideias pré-concebidas sobre desportos para homens e para mulheres. Mas acredito que temos vindo a evoluir e que as coisas vão continuar a melhorar. Acho que a comunicação social tem vindo a desmistificar aquela ideia de que a patinagem é apenas um desporto de uma imensa suavidade, que é, erradamente, atribuída apenas ao sexo feminino. No entanto, a transmissão de emoções, a interpretação de uma música, a passagem de uma história através de movimentos, ou por outras palavras a Arte está ao alcance de todos os seres humanos.

 

CA – A patinagem artística é a mais recente modalidade do clube, mas tem já mais de 60 praticantes. Como se explica esta capacidade para atrair tantas crianças e jovens para uma modalidade que não existia em Albergaria, e que futuro projetas para o retorno à prática desportiva regular após o desconfinamento?

BM – É verdade que temos recebido muitas crianças e não podíamos estar mais contentes com isso, porque as crianças são sem dúvida o futuro e nenhum clube anda para a frente sem as suas camadas de formação. Posso tentar encontrar várias explicações para esta grande adesão, mas a mais recente terá sido o nosso espetáculo de há um ano, que chamou muita gente ao nosso pavilhão e que deixou, certamente, muitas crianças e pais deslumbrados por esta modalidade.

Quanto ao nosso retorno após o desconfinamento, estou certa de que será com toda a garra, pois temos continuado a trabalhar à distância. Pelo contacto que tenho tido com os atletas sinto que eles têm muitas saudades de calçar os patins e daquela sensação de liberdade que patinar lhes dá e que por isso virão para treinar com toda a determinação. Nós, treinadores, iremos trabalhar o triplo para compensar este tempo de paragem e fazer tudo para os continuar a formar como atletas e, acima de tudo, como pessoas!

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